terça-feira, 22 de maio de 2012

Carta aleatória á um dia nulo.

Frank, o mundo estava monótono, parado, as horas voavam e nada da vida.
Acordei, mas o que aconteceu não foi um sonho, ou um pesadelo, foi real. Aconteceu. 
Então, resolvi não pensar muito nisso, mas não tem como não se sentir hipócrita depois de agir tão irracionalmente, despreocupadamente, depois de não se importar com nada da vida durante algumas horas e pegar um pouco tudo aquilo que você aprendeu durante muito tempo e jogar pro ar sem pensar no depois.
Eu sempre quis isso, sempre desejei não se preocupar, me enganei. Agir sem se importar faz com que você se importe em dobro mais tarde. E eu sei, isso não é uma regra.
Então levantei da cama, me arrumei e fui a caminho de mais um dia previsível, de mais um “bom dia”, sorrisos educados e tomar café.
A cabeça cheia de coisas, de lembranças, de perguntas sem respostas, sem certezas, com o olhar vago mirando pra qualquer ponto, tentando se concentrar em meios tantos papéis me deparei com uma vontade de tomar café, mais uma xícara e depois outra e mais outra. Uma bala, duas, três. Estava perdendo o controle, como se café e bala fosse me salvar de mim mesma.
E queria que a magia desse certo, que o verbo esquecer fizesse efeito instantâneo, digo  como queria ouvir essa voz de dentro que no presente sugere esquece,  ouvisse de volta em pretérito perfeito esqueci e  que sumisse todo esse sentimento sem nome. É, nem sei definir o que é isso. 
Já era tarde quando olhei a caixinha da onde guardo os sucos de pozinho e resolvi fazer algum para o almoço. Tinha vários sabores de frutas; uva, abacaxi, limão e decidi pegar os maracujás que estavam na fruteira.
Nunca gostei muito de maracujá, mas acalma, não é?
Eu quero a calma, eu sei que o sono vem com a passiflora será possível que possa num sonho me levar pra longe disso tudo?
Triturei o maracujá no liquidificador com água, duas colheres de açúcar, coloquei num jarro de vidro.  Estava frio, muito frio e não tinha reparado que cogitando tanto sobre tudo isso, o tempo passou e  já estava anoitecendo. Fui tomar um banho e foi como sentir a brisa do vento bater no rosto estando de olhos fechados, sentir a terra girar, água quente no frio é um refrigério, só sai de lá quando me sentia aquecida pelo vapor que se formava no banheiro.
Coloquei meu pijama e me espreguicei, estava me sentindo melhor. Fui para cozinha coloquei o suco de maracujá num copo e sorri, pensei que qualquer outra pessoa tomaria um copo de vodka, qualquer coisa que tivesse álcool, qualquer coisa assim.
Talvez tivessem razão, talvez fosse realmente ingênua demais pra perder a fé no amor, talvez lá no fundo sinta alguma coisa, talvez não seja assim tão fria, talvez...
Então tomei o suco, pensei no comecinho do livro, na cena em que um garoto de blusa vermelha diz que Urano estava entrando Escorpião, pensei em signos e de como não acredito em nada disso, peguei no sono e dormi confortavelmente no sofá.  Só ouvia o barulho do motor do aquário, dormir era agora era sono e paz, de dentro e fora.


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