terça-feira, 15 de maio de 2012

Deixar sobrevir,


Tentando esquecer, olhando para o teto do quarto, as lâmpadas lá fora iluminava discretamente a escuridão, faz frio e  ás vezes se ouvia da janela som de carro e ônibus passando, o resto era silêncio.
Dentro da minha cabeça era barulho de tudo. 
Era um pouco de dúvida, de nó na garganta, era um pouco de sorriso e lágrima angustiante, era o que diriam? Se soubessem? Se meus escritores favoritos soubessem? Se todos soubessem? E... Respiração acelerada essa que de repente vem à tona; Dane – se o que diriam! Não me importa com o que esses filósofos diriam, nem conselheiro, nem moralistas, nem libertinos, nem nada. À hora era agora, algumas horas mais cedo era eu ali. Parada naquele momento, não tinha muito que pensar, eu poderia voltar pra trás e ir embora, poderia ir com o coração, apertado porque estaria me preocupando com o que alguém aleatório diria, alguém que tenho afeto diria, mas fui egoísta e notei o quanto eu precisava de ser egoísta naquele dia, naquele mês, naquele ano, sem se importar um pouco com a ética, com a moralidade, com os julgamentos alheios, com os olhares de reprovação de pessoas aleatórias ou de pessoas que eu possuo imenso carinho o que me torna uma pessoa extremamente ruim, mas naquela hora não era mais nada no mundo. Se eu parasse pra pensar, talvez tivesse ido embora, teria ido com o coração partido. Ah, se tivesse ido! Quantas coisas teriam evitado, será que teria conseguido dormir? Será? Acho que naquela noite eu não dormiria de qualquer jeito, eu fui lá. Fui. Me senti idiota, hipócrita, me senti mal como se o que eu tivesse vivido e sido na vida toda fosse uma mentira, ou naquela hora tudo era mentira? ou verdade? Quando eu vou saber quem era aquela guria alí? Fui e voltei com a impressão que tudo foi um sonho, a cada passo que se dava eu tinha a sensação de estar me preparando pra arquivar isso como uma lembrança, uma linda, uma que me fez pensar o suficiente para me tirar o sono e refletir, refletir, pra quê? Se arrepender? Não. Não quero me arrepender, talvez um pouco, talvez um tanto porque me apeguei naquele momento e sabia que aquilo não voltaria a acontecer então eu ia ter alguns sintomas terríveis de chateação, e tem coisas no mundo, na vida que tem mais prioridade pra ficar triste do que com um momento que foi e que a possibilidade de nunca mais acontecer de novo me deixaria doente.
Ah! Suspirar. São poucas coisas na vida que me arrancam um suspiro sincero, aquele momento foi um desses, e se eu não tivesse ido? Nunca saberia como é seguir os meus extintos, como é libertador quebrar regras, como é ser feliz, como é não precisar de aprovação de ninguém. Foi magia, foi. Tudo ficou pra trás, somente o momento ficou presente na mente e coração.

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